Criptococose cutânea: doença sistêmica ou localizada?

Autores

  • Marilia Kanebley Instituto de Infectologia Emilio Ribas, - São Paulo - SP - Brasil.
  • Marcos Vinicius da Silva Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da PUC-SP - Sorocaba - SP - Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.5935/2764-734X.e20230324

Palavras-chave:

Criptococose, Infecções fúngicas invasivas, Manifestações cutâneas, Relato de caso

Resumo

A criptococose cutânea é uma infecção fúngica que pode se manifestar como doença localizada ou disseminada, tanto em pacientes imunocompetentes quanto imunodeprimidos. O presente relato corresponde a um paciente de 81 anos de idade, procedente da zona rural da Bahia, com a forma cutânea da doença. Inicialmente considerado como portador de criptococose primária, foi medicado com fluconazol. A fim de descartar a doença disseminada; entretanto, o paciente foi submetido à tomografia de tórax que evidenciou nódulos pulmonares que, associados à antigenemia positiva, justificaram a mudança para anfotericina B lipossomal. Houve resposta clínica satisfatória, sem aparentes complicações relacionadas ao tratamento, porém o diagnóstico tardio de uma neoplasia de próstata metastática permitiu o questionamento desta suposta disseminação da infecção fúngica. A diferenciação entre criptococose localizada e disseminada nem sempre é fácil, mas é fundamental para o direcionamento adequado do tratamento.

Referências

1. Christanson JC, Engber W, Andes D. Primary cutaneous cryptococcosis in immunocompetent and immunocompromised hosts. Med Mycol J. 2003 Jun;41(3):177-88.

2. Du L, Yang Y, Gu J, Chen J, Liao W, Zhu Y. Systemic review of published reports on primary cutaneous cryptococcosis in immunocompetent patients. Mycopathologia. 2015 Aug;180(1-2):19-25.

3. Noguchi H, Matsumoto T, Kimura U, Hiruma M, Kusuhara M, Ihn H. Cutaneous cryptococcosis. Med Mycol J. 2019;60(4):101-7.

4. Marques SA, Bastazini Junior I, Martins AL, Barreto JA, Barbieri D’Elia MP, Lastória JC, et al. Primary cutaneous cryptococcosis in Brazil: report of 11 cases in immunocompetent and immunosuppressed patients. Int J Dermatol. 2012 Jul;51(7):780-4.

5. Ng WF, Loo KT. Cutaneous cryptococcosis – primary versus secondary disease: report of two cases and review of the literature. Am J Dermatopathol. 1993 Aug;15(4):372-7.

6. Tabassum S, Rahman A, Herekar F, Masood S. Cryptococcal meningitis with secondary cutaneous involvement in an immunocompetent host. J Infect Dev Ctries. 2013 Sep;7(9):680-5.

7. Murakawa GJ, Kerschmann R, Berger T. Cutaneous Cryptococcus infection and AIDS: report of 12 cases and review of the literature. Arch Dermatol. 1996 May;132(5):545-8.

8. Pema K, Diaz J, Guerra LG, Nabhan D, Verghese A. Disseminated cryptococcosis: comparison of clinical manifestations in the pre-AIDS and AIDS era. Arch Intern Med. 1994 May;154(9):1032-4.

9. Amaral DM, Rocha RC, Carneiro LE, Vasconcelos DM, Abreu MA. Disseminated cryptococcosis manifested as a single tumor in an immunocompetent patient, similar to the cutaneous primary forms. An Bras Dermatol. 2016 Sep/Oct;91(5 Suppl 1):S29-S31.

10. Mayers DL, Martone WJ, Mandell GL. Cutaneous cryptococcosis mimicking gram-positive cellulitis in a renal transplant patient. South Med J. 1981 Aug;74(8):1032-3.

11. Lima AM, Rodrigues MM, Reis CMS. Cutaneous cryptococcosis mimicking leishmaniasis. Am J Trop Med Hyg. 2018 Jan;98(1):3-4.

12. Moretti ML, Resende MR, Lazéra MS, Colombo AL, Shikanai-Yasuda MA. Consenso em criptococose-2008. Rev Soc Bras Med Trop. 2008;41(5):524-44.

13. Miller Junior WT, Edelman JM, Miller WT. Cryptococcal pulmonary infections in patients with AIDS: radiographic appearance. Radiology. 1990 Jun;175(3):725-8.

14. Setianingrum F, Rautemaa-Richardson R, Denning DW. Pulmonary cryptococcosis: a review of pathobiology and clinical aspects. Med Mycol. 2019;57(2):133-50.

15. Limper AH. The changing spectrum of fungal infections in pulmonary and critical care practice: clinical approach to diagnosis. Proc Am Thorac Soc. 2010;7:163-8.

16. Swinne D, De Vroey C. Detection of circulating capsular polysaccharide antigenfrom Cryptococcus neoformans. J Clin Microbiol. 1992 Sep;30(9):2521.

17. Hafner C, Linde HJ, Vogt T, Breindl G, Tintelnot K, Koellner K, et al. Primary cutaneous cryptococcosis and secondary antigenemia in a patient with long-term corticosteroid therapy. Infection. 2005 Apr;33(2):86-9.

18. Nunez M, Peacock Junior JE, Chin Junior R. Pulmonary cryptococcosis in the immunocompetent host: therapy with oral fluconazole: a report of four cases and a review of the literature. Chest. 2000 Aug;118(2):527-34.

19. Neuville S, Dromer F, Morin O, Dupont B, Ronin O, Lortholary O. Primary cutaneous cryptococcosis: a distinct clinical entity. Clin Infect Dis. 2003 Feb;36(3):337-47.

20. Yamaguchi H, Komase Y, Ikehara M, Yamamoto T, Shinagawa T. Disseminated cryptococcal infection with eosinophilia in a healthy person. J Infect Chemother. 2008 Aug;14(4):319-24.

Publicado

2023-05-31

Como Citar

Kanebley, M., & Silva, M. V. da. (2023). Criptococose cutânea: doença sistêmica ou localizada?. Infectologia Em Evidência, 2, e20230324. https://doi.org/10.5935/2764-734X.e20230324

Edição

Seção

Relatos de Caso