Doxiciclina oral como alternativa de tratamento para neurossífilis precoce em um paciente vivendo com HIV

Autores

  • Bruno Pereira Conte Conte Universidade Franciscana - Santa Maria - Rio Grande do Sul - Brasil
  • Roberta Letsch da Silveira Universidade do Planalto Catarinense - Lages - Santa Catarina - Brasil
  • Fabio Lopes Pedro Universidade Federal de Santa Maria - Santa Maria - Rio Grande do Sul - Brasil
  • Jerusa Marquardt Corazza Universidade Federal de Santa Maria - Santa Maria - Rio Grande do Sul - Brasil
  • Fernanda Caldeira Veloso Santos Universidade Federal de Santa Maria - Santa Maria - Rio Grande do Sul - Brasil

DOI:

https://doi.org/10.5935/2764-734X.e20240947

Palavras-chave:

Neurossífilis, Coinfecção pelo HIV, Doxiciclina, Relato de Caso

Resumo

Este relato visa reportar um tratamento bem sucedido de neurossífilis precoce com doxicilina oral prescrita a um paciente vivendo com HIV, sendo que sua queixa principal foi o aparecimento de lesões na pele. Além de ter sido esta a opção do próprio paciente, a proposta terapêutica baseou-se em diretrizes médicas adotadas no Reino Unido que, todavia, ainda não possuem validação pelo Ministério da Saúde no Brasil. O tratamento consistiu na administração de uma dose única de penicilina G benzatina (2,4 milhões de unidades) por via intramuscular, seguida de doxiciclina oral (200mg duas vezes ao dia) por 28 dias, com acompanhamento ambulatorial trimestral. O paciente evoluiu com resolução do quadro sintomático logo na primeira consulta e a negativação liquórica do teste não treponêmico (VDRL) depois de seis meses. Apesar dos resultados na literatura ainda não serem definitivos, este caso nos induz a uma reflexão sobre a doxiciclina oral como alternativa segura para o tratamento da neurossífilis em casos selecionados, seja por motivo alérgico às penicilinas ou pela vantagem de se evitar uma internação hospitalar.

Referências

1. Avelleira JCR, Bottino G. Sífilis: diagnóstico, tratamento e controle. An Bras Dermatol. 2006;81(2):111-26. DOI: 10.1590/S0365-05962006000200002

2. Chan DJ. Syphilis and HIV co-infection: when is lumbar puncture indicated? Curr HIV Res. 2005;3(1):95-8. DOI: 10.2174/1570162052773031

3. Ceccarelli G, Borrazzo C, Lazzaro A, Innocenti GP, Celani L, Cavallari EN, et al. Diagnostic Issues of Asymptomatic Neurosyphilis in HIV-Positive Patients: A Retrospective Study. Brain Sci. 2019;9(10):278. DOI: 10.3390/brainsci9100278

4. Girometti N, Junejo MH, Nugent D, McOwan A, Whitlock G; 56 Dean Street Collaborative Group. Clinical and serological outcomes in patients treated with oral doxycycline for early neurosyphilis. J Antimicrob Chemother. 2021;76(7):1916-9. DOI: 10.1093/jac/dkab100

5. Janier M, Unemo M, Dupin N, Tiplica GS, Potočnik M, Patel R. 2020 European guideline on the management of syphilis. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2021;35(3):574-88. DOI: 10.1111/jdv.16946

6. Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2022; [Accessed in 2024 June 23]. Available from: http://antigo.aids.gov.br/pt-br/pub/2022/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-atencao-integral-pessoas-com-infeccoes

7. Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, Johnston CM, Muzny CA, Park I, et al. Sexually Transmitted Infections Treatment Guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. 2021;70(4):1-187. DOI: 10.15585/mmwr.rr7004a1

8. Kingston M, French P, Higgins S, McQuillan O, Sukthankar A, Stott C, et al. UK national guidelines on the management of syphilis 2015. Int J STD AIDS. 2016;27(6):421-46. DOI: 10.1177/0956462415624059

9. Qin J, Yang T, Wang H, Feng T, Liu X. Potential Predictors for Serofast State after Treatment among HIV-Negative Persons with Syphilis in China: A Systematic Review and Meta-Analysis. Iran J Public Health. 2015;44(2):155-69.

10. Li J, Zheng HY. Early syphilis: serological treatment response to doxycycline/tetracycline versus benzathine penicillin. J Infect Dev Ctries. 2014;8(2):228-32. DOI: 10.3855/jidc.3013

11. Peyriere H, Makinson A, Marchandin H, Reynes J. Doxycycline in the management of sexually transmitted infections. J Antimicrob Chemother. 2018;73(3):553-63. DOI: 10.1093/jac/dkx420

12. Lewis DA, Lukehart SA. Antimicrobial resistance in Neisseria gonorrhoeae and Treponema pallidum: evolution, therapeutic challenges and the need to strengthen global surveillance. Sex Transm Infect. 2011;87(Suppl 2):ii39-43. DOI: 10.1136/sti.2010.047712

13. Araujo RS, Souza ASS, Braga JU. Who was affected by the shortage of penicillin for syphilis in Rio de Janeiro, 2013-2017? Rev Saude Publica. 2020;54:109. DOI: 10.11606/s1518-8787.2020054002196

14. Bettuzzi T, Jourdes A, Robineau O, Alcaraz I, Manda V, Molina JM, et al. Ceftriaxone compared with benzylpenicillin in the treatment of neurosyphilis in France: a retrospective multicentre study. Lancet Infect Dis. 2021;21(10):1441-7. DOI: 10.1016/S1473-3099(20)30857-4

15. Clement ME, Okeke NL, Hicks CB. Treatment of Syphilis. JAMA. 2014;312(18):1905-17. DOI: 10.1001/jama.2014.13259

16. Ghanem KG, Erbelding EJ, Cheng WW, Rompalo AM. Doxycycline compared with benzathine penicillin for the treatment of early syphilis. Clin Infect Dis. 2006;42(6):e45-9. DOI: 10.1086/500406

Publicado

2024-11-27

Como Citar

Conte, B. P. C., Silveira, R. L. da, Pedro, F. L., Corazza, J. M., & Santos, F. C. V. (2024). Doxiciclina oral como alternativa de tratamento para neurossífilis precoce em um paciente vivendo com HIV. Infectologia Em Evidência, 3, e20240947. https://doi.org/10.5935/2764-734X.e20240947

Edição

Seção

Relatos de Caso