Doxiciclina oral como alternativa de tratamento para neurossífilis precoce em um paciente vivendo com HIV
DOI:
https://doi.org/10.5935/2764-734X.e20240947Palavras-chave:
Neurossífilis, Coinfecção pelo HIV, Doxiciclina, Relato de CasoResumo
Este relato visa reportar um tratamento bem sucedido de neurossífilis precoce com doxicilina oral prescrita a um paciente vivendo com HIV, sendo que sua queixa principal foi o aparecimento de lesões na pele. Além de ter sido esta a opção do próprio paciente, a proposta terapêutica baseou-se em diretrizes médicas adotadas no Reino Unido que, todavia, ainda não possuem validação pelo Ministério da Saúde no Brasil. O tratamento consistiu na administração de uma dose única de penicilina G benzatina (2,4 milhões de unidades) por via intramuscular, seguida de doxiciclina oral (200mg duas vezes ao dia) por 28 dias, com acompanhamento ambulatorial trimestral. O paciente evoluiu com resolução do quadro sintomático logo na primeira consulta e a negativação liquórica do teste não treponêmico (VDRL) depois de seis meses. Apesar dos resultados na literatura ainda não serem definitivos, este caso nos induz a uma reflexão sobre a doxiciclina oral como alternativa segura para o tratamento da neurossífilis em casos selecionados, seja por motivo alérgico às penicilinas ou pela vantagem de se evitar uma internação hospitalar.
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